O perigo de dar chupeta numa moto

“Não tenho tempo para andar de moto e fiquei sem bateria…”. Essa é a desculpa típica. E difícil entender que as pessoas não tenham apenas 20 minutos — das 24 horas do dia — para ligar a esquecida companheira de passeios. Também não adianta ligar ela, dar duas aceleradas e desligar. A bateria precisa carregar por no mínimo 10 minutos, até para compensar o que foi gasto no momento da partida. Uma bateria de moto esta composta de células, cada uma destas tem 2 volts, ou seja 6 células para atingir os 12 volts necessários. É normal uma destas células entrar em curto, assim, sobram apenas 5 células funcionando (10 volts) o que significa um problema grave já que, por mais que carreguemos ela três dias seguidos, a bateria nunca vai chegar na voltagem necessária. Hoje em dia, toda motocicleta moderna trabalha com 12 volts, mas algumas décadas atrás as motos eram 6 volts mais tinha uma iluminação muito fraca.
Antes, quando a moto ou o carro não pegavam, fazíamos a bendita chupeta e pronto, no máximo dávamos um tranco na descida da rua… tudo bem, não corríamos os riscos que temos hoje em dia com as injeções eletrônicas. Atualmente, as motos trazem muita eletrônica embarcada, por todo lado há algum microcomponentes ou nanocomponente. Tudo agora é “slim”, as centralinas são cada vez menores e os reguladores de voltagem também estão cada vez mais precisos e delicados.


As motos carburadas, assim como os carros, não tem problemas de trabalhar com cargas de até 16 volts, as baterias “abertas” trabalham fervendo o tempo inteiro, o que traz uma manutenção continua e, por isso, esse tipo de bateria está sendo deixado de lado pelos fabricantes de moto. Quantos chassis não tiveram de ser pintados por inteiro por causa de uma simples mangueirinha que soltou do respiro da bateria, e o ácido desta foi parar no chassi ou no motor. Já com as injeções de combustível modernas, passar de uns 14,5 ou 15 volts não e nada recomendado já que corre-se o risco de queimar algum componente importante.

Vamos lá. Não tive tempo de ligar a moto por mais ou menos 20 dias e agora estou com o capacete na mão, louco para andar de moto e nada do motor girar. Olho para o lado na garagem do prédio e lembro que dentro do carro tenho um cabo de chupeta, resolvido! Encosto a moto perto do carro, ligo ele, plugo os cabos na moto e no carro para, na sequencia tentar dar partida na moto …mas ela não pega. Tento, tento e nada. Abro o tanque achando que e gasolina, mas vejo que esta cheio até a boca. Ainda tento mais algumas vezes até que, sem sucesso, desisto, desplugo tudo e vou de carro. Na segunda-feira ligo no centro técnico, certo de que e só trocar a bateria, ou algum fusível queimado quando, na verdade, eu nem imagino que acabei de queimar a centralina, um dos componentes mais caros da moto.



Como aconteceu isso? Não é difícil entender, mas vamos por partes. Voltagem é igual a Diferença de Potencial, ou seja, se plugarmos uma bateria com 13 volts em paralelo com uma outra com 11 volts, a de 11 vai absorver potência (voltagem) da de 13 volts até se igualem. Simplesmente é isso que a gente poderia ter feito quando a moto não dava partida, ou seja, plugar com uma bateria maior e esperar que a menor absorvesse potência da maior. Esse processo requer um tempo, que a gente geralmente não tem quando está com o capacete na mão. Um simples relógio no painel da moto consume uma corrente insignificante, só que se multiplicamos esse consumo pelas 24 horas de um dia, 7 dias por semana e por 3 semanas, pronto, aqueles 13 volts que tinha na minha bateria já cairam para uns 11 volts, e agora a moto não pega. Fácil de entender, difícil de compreender né?

Nesses casos, o certo é plugar a moto com o carro ainda desligado, esperar uns 10 ou 15 minutos, ligar o carro, esperar mais 10 minutos e aí sim, tentar ligar a moto. Se ela não der sinal de querer pegar, desista! Desligue o carro, retire os cabos e peça assistência profissional. Se você não confia muito no estado da bateria do carro, ligue ele uns 10 minutos antes de fazer a “chupeta”, desligue-o e comece. O problema ocorreu porque, quando plugamos a moto ao carro já ligado, a potencia veio tão forte que a bateria que estava muito descarregada, cansada, não teve tempo de absorver tudo e deixou passar a maior parte dessa corrente para a Centralina, que queima facilmente.



Hoje em dia, é normal as pessoas colocarem alarmes ou rastreadores nas motos, o que na maioria dos casos trás um grande consumo de bateria, seguindo aquela continha de consumo por dias que a moto fica parada. A solução para quem vai deixar a moto muito tempo parada é colocar um carregador de bateria automático. Há diversos modelos e eles são pequenos, baratos e muito eficientes. Quando a bateria descarrega, o carregador liga sozinho e carrega a bateria até chegar na voltagem ideal, assim, podemos deixar a moto esquecida por algum tempo sem nos preocupar com a bateria…com a bateria, não com o resto! 

Fonte: www.bestriders.com.br

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